Anarquista, professor e corinthiano. Militante da várzea, do punk e dos cursinhos populares. Membro d'
@OAnarresti
. Autor de 'Tanque de areia' e mais 5 livros.
quando adotei a Preta, eu sabia que ela ia morrer
um dia. qual dia?
quando a Preta fez um ano, eu sabia que ela ia morrer
um dia.
quando a Preta fez dois anos, eu sabia que ela ia morrer.
quando ela fez cinco anos, eu sabia.
quando ela fez dez anos.
doze, treze, quatorze.
+
agora no constrangimento elegante (correio elegante lido em voz alta na caixa de som) da escola:
- Luís do 6C, você é um inseto. ao invés de me pegar, só fica aí moscando.
frisson, gritaria, loucura na quadra
enche o conselho tutelar de crente, acontece isso.
o caso só não foi pra frente porque o pai da menina é casado com outro homem, apesar da matéria omitir esse "detalhe".
Exatos 14 anos atrás, quando meu pai morreu, eu estava na porta da UTI quando o médico saiu pra dar a notícia. Nós já sabíamos. Na visita da manhã, a pressão dele estava 6 x 4. Era questão de tempo.
Minha mãe me abraçou e chorou, e talvez pela primeira vez na vida eu senti que +
almoço entre as duas escolas. Duda, filha de uma das outras professoras, estudante do quarto ano, almoça comigo.
- você é professor do que?
- Geografia.
- eu nunca sei o que é Geografia...
- é a matéria que estuda o planeta e as pessoas.
- aaaah! e... você dá aula só +
a Preta morreu.
não me procurem
hoje eu não estou
só hoje
pelo menos hoje
talvez amanhã
(eu não sei)
porque hoje
a Preta morreu.
hoje.
a Preta morreu.
hoje
eu morri também.
não é uma pergunta
eu não quero respostas
eu não quero saber
eu não quero mais nada:
hoje, a Preta morreu.
hoje, eu morri também.
dezesseis anos meus
bons e ruins
risonhos e enfadonhos
cheios, corridos, tristonhos
anos.
dezesseis.
todos eles morreram porque
hoje
+
igual quando eram filhotes
eu sabia que a Preta ia morrer.
quando a peguei no colo, eu sabia.
quando cheguei no veterinário
quando saí de lá.
hoje,
mesmo que eu já soubesse
ontem
há dois anos
cinco, sete, dezesseis,
a Preta morreu.
e de que me adiantou tanto saber?
+
quando a Preta fez dezesseis anos, eu sabia que ela ia morrer.
um dia. qual dia?
cuidei
(cuidamos)
alimentei
(alimentamos)
chorei
(choramos)
curti, acaricei, carreguei
(carregamos);
vivemos.
ontem,
quando eu cheguei em casa e vi a Branca deitada com a Preta
+
mas com tudo que ele foi e continua sendo em mim.
Pai, nesses 14 anos, eu nunca deixei de te amar, nem por um segundo sequer.
Você foi meu melhor amigo.
Ainda é.
Obrigado por tudo.
E vai Corinthians!
anteontem eu fiz um post despretensioso aqui com três palavras ("cartografia é poder") e essa imagem abaixo.
hitou e gerou bastante confusão, mas também discussões interessantes.
como cartografia é um dos temas que eu mais gosto de lecionar, vou tentar explicar +
este post foi longe. agradeço muito todas as palavras, infelizmente não tenho condições de ler cada comentário.
Preta e eu compartilhamos uma vida boa e feliz, como tantas de vocês. sou grato por isso. assim como meu pai, minha vó, ela será eterna.
te amo, Pretinha. até sempre.
Duda. ela pergunta:
- você vem amanhã?
- amanhã não, tenho um compromisso.
- então tá.
- tchau Duda, até segunda!
- tchau professor!
até o futuro, Duda.
qualquer um deles.
- Ele não aguentou, tio.
Se fosse hoje, as palavras seriam outras.
Meu pai agentou muito. Muito mesmo.
Aguentou ser o irmão mais velho dos quatro, em uma casa sem pai como tantas outras no Brasil.
Aguentou a infância pobre na favela, lugar que naquela época não carregava +
era eu quem precisava acolhê-la, ao contrário de todos os outros segundos em que estive vivo até então. Não chorei ali ainda. Precisava ligar pro meu tio no Rio, irmão dele, e dar a notícia.
Eu desabei no telefone, depois de dizer as palavras que nunca esqueci: +
a mesma carga que carrega hoje. Era o bairro pobre, dos trabalhadores, das mães solteiras.
Aguentou não ter muitas coisas e crescer vendo as propagandas dizendo que ele não era uma pessoa digna. "Homem de verdade dá o perfume X de presente", dizia uma delas, que ele nunca +
finalmente podendo respirar de novo, descansar, ficar em paz.
Daquele dia em diante, por quase um ano, eu chorei na hora do almoço sozinho, cada dia em um boteco diferente do centro de São Paulo. Sem vergonha nenhuma, como ele me ensinou: homem chora, sim, e sofre, e sente. +
agradeço a todas as pessoas que comentaram esse fio. e peço desculpas a quem fiz chorar.
bom saber que às vezes a gente viraliza nessa rede com alguma coisa boa, ainda que triste.
me senti abraçado e chorei tudo de novo agora pela manhã.
obrigado ❤️
esqueceu. Lembro dele falando disso e os olhos se perderem por uns segundos, o sufuciente pra estraçalhar meu coração adolescente e me fazer chorar depois no quarto.
Aguentou a hepatite sem muitos cuidados médicos, em casa, e aproveitou o tempo pra aprender a tocar violão. +
Quando faltava uma semana pra completar um ano, escrevi 7 textos seguidos sobre tudo isso. Foi a forma que encontrei de finalmente processar o luto, a ausência, de começar a preencher aquela porra de buraco no peito.
Sigo até hoje preenchendo. Não com dor, embora às vezes sim, +
Aguentou a ditadura, a vida longe de casa, a clandestinidade, o trabalho.
E, no final, aguentou o enfisema pulmonar por 6 anos.
Na cremação, fiquei encarregado de falar. Não sei como consegui, até hoje. Não lembro tudo que disse. Lembro da imagem na mente do meu pai +
Aguentou por 33 anos a esferocitose, as pedras na vesícula, até os amigos conseguirem a operação que acabaria com as dores malditas - as mesmas que eu senti até os 9 anos e minha irmã até os 5, graças ao convênio médico que nos permitiu o cuidado que ele não pode ter. +
a furadeira.
- mas sabe que arquiteta não usa a furadeira? elas desenham a casa, mas quem constrói mesmo são os pedreiros.
- ah é?
- é.
- eu queria também trabalhar fazendo bolo, torta, cupcake, mas eu sempre tô com fome e aí eu tenho medo de comer o pedido que era de outra +
escritor quando eu era criança.
os olhinhos dela brilharam.
- eu quero ser veterinária! eu gosto muito de bichos.
- eu também!
- mas já pensou eu chego no nono ano e resolvo ser professora? minha mãe me mata.
eu ri.
- é, eu não queria ser professor quando eu era criança. só +
de geografia?
- só.
- a minha professora dá aula de tudo. geografia, história, matemática, português e ciências.
- é que até o quinto ano é assim, as professoras dão aula de tudo, menos inglês, artes e educação física. no sexto começa a ter um professor de cada matéria.
- e +
sétimo ano. depois de explorar em grupos três espaços da escola (sala dos professores, pátio e secretaria) com mediação (minha) buscando perceber o que há de tecnologia neles e qual seu uso, apresento pra eles o resultado da pesquisa que fizeram, tabelado e categorizado. +
pensou se eu sou policial, e aí um parente meu rouba uma coisa e eu tenho que matar ele?
- é, mas a polícia não devia matar as pessoas, né. o trabalho da polícia não é esse.
- e porque mata?
- essa é uma história complicada. o Brasil é muito violento. ontem, por exemplo, eu li +
você dá aula pra qual ano?
- sexto, sétimo, oitavo e nono.
- a escola tem quantos anos?
- vai até o nono, depois tem mais três do ensino médio.
silêncio. os dois mastigam.
- se você não fosse professor, o que você ia ser?
- eu queria ser jogador de futebol, veterinário e +
depois de adulto que eu pensei nisso.
- e se não tivesse sido?
- talvez eu fosse jornalista.
- aquelas pessoas que falam na TV?
- na TV, no rádio, no jornal...
- ah... tem duas coisas que eu não queria ser. jornalista e policial.
- eu também não queria ser policial.
- já +
deu risada.
- ele devia ter prendido o menino, aí ia chegar no carro e ver o celular e soltar ele. e pedir desculpa.
- concordo.
outra mastigada.
- outra coisa que eu queria ser é arqui.. arquitônia? como é o nome?
- arquiteta.
- isso. mas eu tenho medo de furar eu mesma com +
de um policial que matou um menino porque achou que tinha roubado o celular dele. aí depois que atirou viu que ele tinha deixado o celular no carro.
- nossa! e porque não prendeu ao invés de matar?
- pois é.
bem nessa hora, uma ATE entrou na sala. ouviu um pedaço da conversa e +
pessoa depois de fazer.
eu ri de novo.
- deve dar vontade mesmo. mas o bom, Duda, é que você tem bastante tempo pra decidir, e já tem muitas ideias.
- é mesmo. mas acho que vou ser veterinária.
minha marmita acabou e meu horário já deu. guardo os talheres e me despeço de +
pra quem tá lendo os comentários: os números da imagem podem não ser exatos, mas a questão não é essa e sim a distorção promovida pelo tipo de projeção escolhida, e as consequências culturais, sociais e políticas disso.
daí que cartografia é poder.
intencionalmente ou não.
seguindo no tópico cartografia e poder, vou falar deste mapa aqui que eu encontrei anos atrás preparando uma aula.
acharam estranha essa divisão da América do Sul? e o idioma do mapa?
quem fala alemão aí?
+
pra terminar (porque eu cansei, poderia continuar infinitamente), mapa de 1511 feito em Veneza pelo cartógrafo Geronimo Marini.
maldito comunista! subversivo! lacrador!
(5/5)
uns 7-8 anos atrás, eu percebi (bem tarde) que tinha lido pouquíssimos livros escritos por mulheres. resolvi então ler APENAS mulheres.
foram 5+ anos fazendo isso, e foi ótimo. me ajudou inclusive a repensar a minha escrita.
eu apaguei a literatura machadiana e suas +
oi gente! se você chegou aqui agora, duas coisas:
- tem mais histórias escolares aqui:
- meu primeiro livro tá em pré-venda :)
é um livro de contos, a campanha é de financiamento coletivo e parte da grana vai pra
@rede_genocidio
.
ontem, falando de guerra fria, peguei o globo pra mostrar como EUA e URSS eram vizinhos. saiu do eixo, caiu no chão e deu uma abridinha. aproveitei pra colocar ele de volta com o sul pra cima.
hoje uma estudante, a única que afirmou gostar de geografia quando eu perguntei, viu +
mais um tuíte só pra dizer que não tá dando pra acompanhar as respostas e retuítes, então agradeço de novo quem se relacionou e está se relacionando com a história e peço pra, caso alguém queira conversar sobre, me mandar uma DM =)
stem uma parte da conversa que eu esqueci de colocar: quando eu falei do ensino médio, disse que lá ela ia ter mais cinco matérias novas: filosofia, sociologia, química, biologia e física. aí ela:
- o que é filosofia?
- é a matéria que estuda como as pessoas pensam e como esse +
fui fazer a feira e metade dos feirantes não veio. vários vazios na rua. quase nenhuma fruta (só banana). perguntei o que houve e:
- quebrou o caminhão de um, os outros tão sem mercadoria.
- por quê?
- o calor. estragou muita coisa.
o colapso climático cada dia mais em curso.
por um instante antes de guardar meu material e penso: nada, absolutamente nada que está na lousa é "pedir demais". na verdade, é o mínimo.
ou deveria ser.
sempre que a escola nos arrasta pra baixo, há os estudantes. com seus olhares ingênuos, desejosos e, contrariando toda +
símbolo da Escuela del Sur, um movimento artístico sulamericano cujo lema era "nosso norte é o sul".
enfim, cartografia não é neutra porque nenhuma representação do mundo pode ser neutra. é sempre uma questão de escolha.
e, claro, de poder. quem pode mais define o padrão.
FIM
é justamente isso: a distorção promovida pela projeção cilíndrica de Mercator nas extremidades norte e sul é tão grande que a linha entre as duas localidades acaba passando por dentro do território russo no mapa.
tentando explicar melhor por quê isso acontece. +
pra transpor o geoide terrestre para um plano, é necessário "abri-lo", como a imagem abaixo tenta demonstrar. repare que os cortes no planeta representam justamente alguns meridianos, as linhas imaginárias que se encontram nos polos e servem pra marcar os fusos horários. +
a violência estrutural a que estão submetidos, solidário e empático.
libras é uma língua oficial do Brasil. espanhol é a língua oficial de praticamente todos os nossos vizinhos territoriais. enquanto latino-americano e companheiro de uma professora deficiente auditiva, +
eu espero e trabalho todos os dias para que "eles se toquem".
o quanto antes.
diz a frase famosa que o fracasso da educação pública no Brasil é um projeto. pois bem: do lado de baixo, das entranhas, das vísceras desse projeto, fervilha todo dia um outro, capaz de enxergar +
os motivos da confusão e, claro, o porquê da afirmação cartografia é poder.
pra começar, os valores da imagem estão corretos, como a
@katlencarvalho_
mostrou no tuíte abaixo.
o que confundiu muita gente é o fato de, no planeta, distância entre +
os dois pontos na Rússia não ser inteiramente percorrida dentro do território russo. se formos medir essa mesma distância por dentro do território, ela é, sim, maior do que a distância no continente africano.
mas o que a imagem inicial (que não fui eu quem fiz) quer discutir +
condicionam a forma como nós enxergamos o próprio mundo.
se você acha que isso é besteira, dá uma olhada nos mapas múndi utilizados nos EUA ou na Austrália. ou, ainda, no Authagraph do japonês Haijme Narukawa, uma das melhores projeções pra conciliar forma e área mas que +
C. fez aniversário semana passada. falou disso o quanto pode.
chego hoje pra aula e pergunto:
- e aí, como é a vida aos 9 anos? mudou muito?
ela pensa um segundo e responde:
- não mudou nada, eu continuo sendo excluída.
- excluída de quê?
- sei lá, das brincadeiras!
+
do corpo discente.
a sala, que na última meia hora beira o caos participativo (pra você que nunca esteve numa sala de sétimo ano, imagine uma feira), está prestes a explodir: é a última aula antes do almoço de uma sexta-feira. terminamos a lista na lousa e eles saem voando +
das diversas PCDs que estudam na escola, é o único que tem uma deficiência auditiva.
logo em seguida, outra aluna aponta:
- aulas de espanhol também, professor!
nem precisei perguntar pra entender: a comunidade boliviana (principalmente) representa mais de um terço +
falo um pouco sobre isso e oriento a continuação: agora, sem mediação, a ideia é, em duplas/trios, escolher três ambientes outros e perceber o que há de tecnologia ali, já dentro das categorias estabelecidas, além de declarar conforto ou desconforto naquele espaço e apontar +
ontem, falando de guerra fria, peguei o globo pra mostrar como EUA e URSS eram vizinhos. saiu do eixo, caiu no chão e deu uma abridinha. aproveitei pra colocar ele de volta com o sul pra cima.
hoje uma estudante, a única que afirmou gostar de geografia quando eu perguntei, viu +
@HenricMachado
ninguém falou em conspiração. Mercator fez a projeção tendo como centro seu lugar de vida, a Europa. nada de anormal ou conspiratório nisso.
por motivos relacionados, em livros didáticos da Austrália a gente encontra isso:
neste site dá pra entender isso bem. peguem a Rússia e passeiem com ela da linha do Equador em direção a um dos polos, por exemplo.
isso foi uma manobra política conspiratória de Gerhard Kremer, ou Mercator, um flamengo que viveu no século XVI?
não. +
- acho que isso caberia melhor na sala de aula, não?
- verdade professor!
- e vem cá, porque aula de libras?
- ah, pra gente poder falar com o Daniel! ele não escuta, tem que falar bem pertinho.
Daniel, a algumas carteiras de distância, não parece ter percebido a conversa. +
pela porta assim que toca o sinal.
antes de partir, uma aluna vê que eu estou fotografando a lousa (sempre faço) e aproveita pra dar a ideia:
- tira foto e manda pra diretoria, professor! pra ver se eles se tocam!
dou risada enquanto ela se vai. contemplo a lousa +
comparando os meridianos no planeta e no mapa, podemos perceber que no mapa (de Mercator) eles se tornam retas paralelas, o que seria impossível em um globo.
pra fazer isso, é necessário "esticar" as pontas dos "gomos" terrestres até que eles encostem um no outro. +
BÔNUS 4
depois de ver este mapa, você NUNCA MAIS vai conseguir desver o fato de que A AMÉRICA É UM PATO
(hehehe eu adoro mostrar isso pros meus alunos)
@Welington_Leal
sendo chato hehe isso não é um mapa, é um quadro mesmo. pra ser mapa tem que cumprir alguns requisitos. de toda forma, o objetivo é justamente usar a cartografia para questionar relações de poder. sempre uso nas aulas!
essa projeção, proposta primeiro por James Galls no século XIX, foi ignorada até que o historiador alemão Arno Peters a retomou em 1973, ou seja, 400 anos depois de Mercator. nela, a preocupação não é em manter as formas dos territórios, mas as proporções de área. com isso, +
com isso, estamos "criando" área onde não existe. como a preocupação de Mercator não era com área mas sim com as formas dos territórios, digamos que nessa projeção o "canvas" do mapa é esticado e os territórios são aumentados proporcionalmente "sobre" ele, sem perder a forma. +
- podia ter mais sofás na sala de leitura.
- ah, tá querendo demais, é escola privada agora?
ou
- tinha que ter mais árvores frutíferas no jardim!
ou
- tinha que ter mais microscópios e equipamentos no laboratório de ciências.
- mas já tem!
- mas é pouco. e a gente nem usa. +
já tinham abandonado a ideia de tecnologias. as falas eram sobre faltas de todo sentido, tipo e significado. nisso, estamos falando da horta quando uma aluna grita:
- aula de libras!
me afastei da lousa, cheguei perto dela e disse:
+
e eu não disse isso em momento algum.
a projeção cilíndrica de Mercator é de 1569. ela foi feita pensando na navegação e tem a Europa no centro porque, bem, ele era europeu e era da Europa que se projetava politicamente o mundo (para ele).
de lá pra cá, muita coisa aconteceu +
como neste mapa de 1511 (ou seja, ANTES de Mercator), feito em Veneza pelo cartógrafo Jerônimo Marini.
essa "inversão" dos polos, inclusive, foi utilizada como tema por Joaquín Torres-Garcia, artista uruguaio, que em 1943 pintou o quadro "América Invertida", que se tornou +
no mundo e na cartografia. e em todo esse tempo, muitos foram os cartógrafos, geógrafos, cientistas políticos, matemáticos e toda sorte de intelectuais que se debruçaram sobre o fato de que toda representação de mundo carrega consigo, claro, uma visão de mundo. e não existe +
visão de mundo que não seja derivada das relações de poder estabelecidas nesse mesmo mundo.
consequentemente, surgiram outras projeções que visavam representar o mundo a partir de outras perspectivas. a mais conhecida, ou que estudamos mais aqui no Brasil, é a de Galls-Peters. +
o que falta nele (em termos de tecnologias).
na aula seguinte, a terceira da série, uso a lousa para mapear as respostas: quase ninguém percorreu três espaços (estar fora da sala é muito emocionante); quase todas as duplas/trios escolheram espaços confortáveis (com a quadra +