O povo bebe vinhos naturais.

O problema da IL não é tanto uma mensagem confusa mas uma mensagem inconfessável: é melhor baixar impostos do que outra coisa qualquer, incluindo a democracia. Isto faz parte do DNA liberal e as suas manifestações fofinhas não o alteraram muito. Com a maturidade veio o realismo.

Como seria a literatura do século XX se a psicanálise não tivesse sido inventada? Sem o inconsciente, sem Édipo, etc? Talvez fosse uma evolução jamesiana. Uma análise moral de todas as nossas escolhas num mundo cheio de suspeitas, não sem insight mas com outros tipos de insight.

O romance vitoriano tem hoje uma ressonância interessante, porque se tornou uma escola de lentidão. Não é saudável querer tudo depressa. Ajuda que fossem publicados em fascículos, lidos ao longo de muitos meses, e talvez fosse bom recuperar esse encontro longo com as narrativas.

O Venetian Vespers, do Banville, é um livro muito jamesiano, embora sem a minúcia obsessiva do detalhe emocional, e fez-me ter saudades do próprio Henry James, aqui na sua terceira fase (o “old pretender”), mais labiríntico e circunloquial do que nunca. Estou a ouvir e a gostar.

Esta semana “O Programa cujo nome” abre com largos minutos de conversa sobre a birra de Ventura na CNN. Na semana passada fez o mesmo aos cartazes sobre o Bangladesh. No episódio anterior foi a burqa. Em todos se lamentou que os media dessem tanto tempo e importância ao Chega.

Sabem aquela conversa sobre a AI poder curar o cancro? Alguém a está a levar a sério. É uma notícia de outubro sobre uma colaboração entre a Google e Yale que talvez (talvez) desemboque num novo tipo de imunoterapia. Não é preciso abrir já o Champagne.

#palazzicanalgrande

Tenho estado a pesquisar histórias dos Palazzi do Canal Grande, Veneza: o Soranzo era de uma das 1as famílias da República, recebida no Concílio em 747. Há registos das suas viagens à China e Deli em 1338. Extinta. Comprado pelos Calbo-Crota, tinha um fresco de Tiepolo (imagem).

@joaoc, @Joaogalamba acho que vão gostar.

O Thomas Piketty tem uma cabeça muito organizada e uma visão longa do modo como as sociedades se organizam. Vale muito a pena ler esta entrevista ao FT.

Sobre este produtor, a opção é simples: quando há, pedir.

O que retirar daqui? A meu ver, que Trump perde dinâmica e isso pode ser um ponto de viragem. Não é que se torne um lame duck, porque ainda tem anos para fazer asneiras, mas significa que a estratégia de o apaziguar já não é boa. Vamos ver sinais de rebeldia nas instituições.

Viagem de Uber com um apóstolo da “grande substituição”. Um tipo cordato, simpático, que de repente começa a propor teorias nazis. O que me impressionou: a ausência total de espírito crítico. Vale tudo. Os indianos são “islâmicos”, isto vai ficar “como o Irão” etc. Um horror.

Trump foi eleito há um ano. O resumo é uma desgraça.

Bom insight. É simples, na verdade, mas acreditar em coisas, para além do cálculo e do cinismo, e lutar por elas quer isso resulte ou não ainda é a melhor maneira de fazer combate político.

O Partido Democrata ressuscitou.

O que me está a impressionar mais neste segundo volume é o peso esmagador que tinha, naquela época, um intelectual francês. Mesmo Aron, um sábio atípico, não marxista e fora das modas conseguia mobilizar multidões (contra ele, hélas).

As presidenciais estão tão murchas que uma pessoa, para ter emoções fortes, tem de seguir o julgamento do Sócrates.

Todo o cão e gato está agora a dizer que a IA é uma bolha. Pode ser, mas isto é o oposto da típica exuberância irracional que se observa nas bolhas: quando acontecem, toda a gente garante que as coisas estão óptimas.