Olá! Eu sou a Jessica Balbino, jornalista, escritora, curadora, falo de corpos dissidentes no
@EstadodeMinas
, faço uns posts sobre corpo para a
@revistatpm
, sou toda feita de encruzilhadas, esquinas & encontros!
Vem saber mais sobre mim:
PRECISAMOS FALAR DA SOLIDÃO DA MULHER QUE NÃO É PADRÃO, o fio 🧶
Eu queria dar um abraço na Natalia do BBB22 porque já fui, inúmeras vezes, a mulher que foi preterida numa festa, numa relação, num rolê por não ser padrão.
Não, Amanda! Você não é uma mulher 'meio gordinha ' e nem fora do padrão
Branca, magra, loira e médica, participante do BBB 23 cria personagem 'desengonçada' e reforça padrão de forma perversa
🧶
Ser invisibilizada como mulher é uma realidade, tanto para pessoas pretas, como para pessoas gordas. É raro encontrarmos alguém que esteja disposto a construir do nosso lado. E quando dizemos sobre essa dor que nos invade de forma sistêmica, somos taxadas de loucas, exageradas.
A Natália ficou triste, chorou, vomitou, quis sair da casa, ficou engatilhada - e com razão.
essa não deve ter sido a primeira vez que ela sofreu com isso, obviamente. Além de ser uma mulher preta, é uma mulher com vitiligo, teve uma vida sem grandes privilégios.
Além da ausência da responsabilidade afetiva (que não tem nada a ver com a expectativa que se cria, mas com não ser cuzão), ele preteriu a Natália e lidar com a rejeição é desolador.
E antes que argumentem que é questão de gosto, nós sabemos que não é. Gosto é construção social e ele só é usado como argumento quando alguém fora do padrão é rejeitado.
Queríamos o quê? É o que dizem.
E a resposta é muito simples. Queríamos e seguimos querendo afeto. Como qualquer ser humano. Queremos nos sentir amadas. Queremos ser quem somos e receber carinho e amor.
Diante disso, somos lida como fortes, guerreiras, lindas, empoderadas, etc. Mas, o que acontece é que quase nunca é por opção ou escolha que estamos sozinhas, mas por rejeição, por racismo, gordofobia, capacitismo, etc.
Mas, escrevo isso tudo pra desabafar. Para dizer que compreendo a dor da Natália e me solidarizo. Assim como a de todas as mulheres que já foram e são rejeitadas em nome das opressões que sofrem
Durante muitos anos, me senti rejeitada em tudo e sei que pra além de uma questão sintomática e estrutural, isso está vinculado a gordofobia diária que sofro em todos os lugares onde apareço. Haja análise, divã e escrita para dar conta.
E, caso aconteça. Vamos chorar, gritar, dar escândalo, fazer o que for necessário, mas não vamos nos calar diante das violências subjetivas que sofremos. Dói. Dói pra cacete. E as pessoas precisam se responsabilizar pelas violências que nos provocam.
@tiamaoficial
Meu irmão morreu há 27 anos. Quando minha sobrinha (que hoje tem 20) nasceu, achamos ela parecida com ele. Quando ela tinha 3 anos, fui tirar uma foto dele (ainda criança)!da caixa pra mostrar pra ela, na hora, ela apontou e disse: olha eu aqui, quando eu era menininho. Fiquei 🥺
@babriis
Pra enlouquecer o Twitter: uma adulta, com a análise em dia, estudando psicanálise e cumprimentando os pais com selinho! Quem diria que existiriam traumas outros que não são demonstração de afeto?!
Sou mulher branca, muito consciente do meu lugar no mundo, dos privilégios que tenho e do meu lugar - e pauta - enquanto mulher gorda que vivência e luta pelos corpos dissidentes.
Vou falar sobre isso e, por mais aliada que eu seja na minha prática, serei lida como racista
Se a Yasmin Brunet fosse uma mulher gorda, você estaria ovacionando o Rodriguinho e dizendo: aí, ele tá certo, não pode romantizar a obesidade?
Seu feminismo de: “não fale do corpo das mulheres” só vale quando são corpos padrão?
Eu tô apaixonada pelo Nicolas, que já fez mais pela vacinação infantil que o Ministério da Saúde
“Não acredita nas palavras desse Bolsonaro não, porque ae, deixa eu te falar. Você não vai virar nem um jacaré e nem uma formiga australiana”.
Quando a pessoa que era gorda e emagrece posta: eu escolhi me cuidar. Eu não faço nada. Na verdade eu desfaço. Desfaço a “amizade” nas redes pq não sou obrigada a engolir gordofobia disfarçada de cuidado com a saúde
todas as vezes que eu tentei emagrecer não foi porque eu me achava feia, repugnante, ou qualquer adjetivo usado para depreciar corpos gordos, mas porque eu estava tentando acessar os privilégios e benefícios do corpo magro: caber, ser desejada, receber afeto, ser amada.
@felipeneto
Te admiro tanto, Felipe! Mas você é claramente gordofóbico! Não é a primeira vez que busca desculpas pra seguir sendo e finge preocupação com a saúde. É triste e irresponsável isso.
Passei o dia lidando com uma fanbase tão alucinada a ponto de querer me convencer que está mulher não é magra e nem padrão! Tô exausta. Alguém me paga um pastel?
A
@dilmabr
saindo do Alvorada pós-impeachment em 2016 // ontem, no palanque do
@LulaOficial
(foto do
@MidiaNINJA
)
A MODA, meus amores, pode ser muito útil
Vou mexer no vespeiro, mas, por mais que o edital “permita”, eu não me sentiria bem em, sendo uma mulher que não é negra, me inscrever num prêmio que leva o nome da Carolina Maria de Jesus. O que vimos foram mulheres brancas, com carreiras já consolidadas, levando essa fatia!
De uma retórica sofrível e sem qualquer enredo, dentro ou fora da casa, é só mais uma pessoa básica e esquecível que passaria pelo BBB, não fosse a torcida lunática que fantasiou um casal entre ela e um assediador que nunca existiu.
Eu, sustentando meu diploma de jornalista há 18 anos, caí na fakenews do Marajó após ver a
@juliette
compartilhar e pensar: ela não faria isso sem checar. Não chequei, fui moleca.
Me irrita, em pleno abril de 2023, ter que fazer um texto sobre a Amanda, mas, vamos lá. Amanda não é uma mulher gorda. Nem gordinha. Nem meio gordinha. Nem pouco gordinha. Ela é uma mulher magra. E absolutamente padrão.
Amanda é branca, magra e loira. É médica. Já viajou para inúmeros lugares do mundo. Tem acessos diversos. Não há ignorância quando falamos de alguém assim, sobretudo da área da saúde, convenhamos.
Depois da morte do Vitor (o jovem preto e gordo que morreu à espera de atendimento) eu tenho sentido um desânimo, uma depressão que não me permitem mais lutar. A sensação é que a gordofobia sempre venceu e vai seguir vencendo. Meu desejo é não existir mais!
@amaiscedo
Eu entrei em contato com uma psi no Instagram, pensando num possível atendimento: tô de luto, meu analista morreu. A resposta? “Teu analista nem existe”. Sabeeeee, aquela performance toda lacaniada fake! Faz 1 amo e meio, meu analista morto ainda existe. Dela, ñ lembro o @
Ela criou uma personagem para entrar no BBB, que é 'inimiga do ritmo', sem gingado, 'engraçada', não toma banho. Só que Amanda não é nada disso. Mais sem sal, impossível.
Muita gente passou a vida toda se odiando por não ser padrão! Hoje, poder vestir roupas com estampas tipo Farm me traz muito empoderamento.
Sabe o que eu acho horrível? Julgar as pessoas pelo que vestem ou aparência!
Fiz um tweet sobre as roupas da farm serem feias.
Um monte de mulher se doeu e começou a dar RT com "eu sendo horrorosa de farm"
E realmente estão horrorosas.
tem uma mina gata me xavecando e ela é legal e tals, o problema é que ela não trabalha e eu tenho muito preconceito com quem não trabalha, mas tô sem analista, então vou desabafar aqui no twitter e vocês que lutem!
O BRASIL QUE DEU CERTO
O Sr. Roberto, de 78 anos, se formou em gestão financeira, recebeu o diploma das mãos do filho e foi pessoalmente - e emocionado - contar à mãe, de 98 anos 🎓
A “expulsão” da Wanessa preserva a imagem dela, não há entrevista, questionamentos sobre o racismo que ela cometeu diariamente por 50 dias contra o Davi, etc. Pra ela é muito bom, pra Globo, idem. Pro Davi, veremos.
Há quase 90 dias, desde que o BBB 23 está no ar, a participante Amanda enuncia, para quem quiser ouvir - e seus administradores nas redes sociais e seus 'docshoes fãs' também, que não é uma mulher padrão. Na noite de segunda-feira (17) teve a coragem -
E antes que a organização da
@flip_se
diga que não conhece mulheres pretas para curadoria, eu, junto com a Ketty Valencio e a
@melduartepoesia
fizemos essa lista no
@pelasmargens
:
@luizgsilvaa
@onegolu_
Toda diferença. Ele ser defendido enquanto um homem magro agora, mas que nunca - gordo ou magro - foi visto publicamente com uma mulher gorda evidência que não apenas sofre gordofobia, como pratica.
Me conta uma coisa rapidinho: você já parou pra pensar que uma pessoa gorda pode NUNCA NA VIDA viver um romance, uma relação afetiva, ter troca com outra pessoa?!
FORA DO HYPE 📢
{enquanto não organizo na newsletter, faço aqui}
recebi e li esse livro da
@soulanja
e do
@leandroassis73
na pandemia e, dia desses, peguei para reler.
Foi uma experiência diferente reler já distanciada dos acontecimentos que nos confinaram e também com um
Aliás, programa esse que, em 23 edições, é incapaz de colocar pessoas gordas no elenco de forma paritária. Ou de pensar nisso. Neste ano, à exceção do Bruno Gaga, que era 'gordinho', não houve participantes fora do padrão.
Amanda disse, dia desses, que veste número 36. Muitos vão dizer: ah, mas ela engordou no programa. Tá, gente. Engordou quanto? 2 kg? 5 kg? Nada disso faz dela gorda, gordinha. Sabe quando eu vesti número 36? Nunca.
Pessoas gordas: vocês já sentiram que tinham que ser uma/duas/10x melhores, mais inteligentes, carismáticas e mais competentes que pessoas magras/dentro do padrão?
E não é nem justificando, porque o que ele fez foi péssimo, mas exemplificando que pessoas legais e amigas podem nos estuprar, a gente pode se sentir mal e pode nunca entender isso como abuso, simplesmente porque não conversamos sobre isso!
Porém, julgar se Amanda é ou não uma boa participante do BBB não é exatamente a intenção aqui, embora ela esteja entre as finalistas - ainda que eu precise deixar claro que não vejo absolutamente nada de atrativo ou interessante na personagem montada por ela.
Eu sofri o primeiro abuso aos 11 anos. O sócio e amigo do meu pai ficou me alisando e encoxando enquanto eu mostrava uma revista pra ele. Eu “bloqueei” essa lembrança por muitos anos até ela aparecer numa conversa com uma amiga há quase dois anos
@maaavenancio
Se ele não se sentiu atraído por ela, porque disse que ela o Porto Seguro dele enquanto abraçava ela feito namorado na piscina? Porque não foi honesto? Se ele disse que não queria ninguém, porque ficou com outra? Porque não disse: não te quero, sou racista, quero a mina branca?
E, pior, é ver justificativas esdrúxulas, como: 'ela não tem acesso à pauta'. Amigos, em que mundo vocês vivem, sabe?! Como assim não tem acesso. Ela é médica. Uma pessoa da saúde. E ainda que não fosse.
E por que vocês não cobram da Amanda a autoestima que cobram de mim? Porque ninguém comenta: ela tem que se amar e foda-se o mundo? Por que tanta empatia?
A gata já fez procedimentos estéticos e veste uma camiseta durante os banhos na casa, tal qual uma personagem, que abandonou em tempos prévios de instagram, com fotos sensuais e mostrando bastante o corpo.
Obviamente, quero uma mulher preta na curadoria da Flip e não é de hoje. Mas não quero que ela chegue numa festa que está com o menor recurso de todos os tempos, que homenagearia uma autora racista - que também homenageou um autor racista em 2019 - em ano de pandemia
Insuportável existir hoje sabendo que minha amiga não existe mais, sabe? E que a vida é só isso mesmo. E que ela tinha um monte de sonhos que nunca vai realizar. E que morreu por uma doença pra qual já existe vacina.
Cês se chocam mais com uma mina que compra um carro vendendo conteúdo do corpo dela on-line do que com trabalho escravo pra rede de cafeterias que cês amam, né? Bom dia
Sem entrar no mérito da pressão estética - todos sofremos, para além das opressões estruturais - e de qualquer distúrbio alimentar, Amanda não é uma pessoa gorda, tampouco fora do padrão.
Será que seu feminismo é gordofóbico?
se, para defender a Yasmin Brunet você precisa dizer que o Rodriguinho é “calvo e gordo”, você tá sendo bem escrota ~ e gordofóbica.
E é importante que a gente converse sobre isso também. Ao defender uma mulher, ferimos outras!
Hoje foi um dia tristíssimo! Li e vi pessoas afirmando que o Vitor mereceu morrer, porque não se esforçou o suficiente para emagrecer e ser “saudável”. Ele morreu após esperar 8h por atendimento médico e não existir maca pra ele. Desesperador 🖤
É pela falta de acessos básicos, como uma maca hospitalar, um equipamento para tirar um raio-x, etc. Pessoas gordas são desumanizadas o tempo inteiro. Eu falo disso aqui semanalmente. Eu estou exausta de repetir isso aqui.
Eu morro de rir de ver homens héteros repetirem “amiga” a cada três palavras na comunicação comigo pra deixarem claro que eu não sou uma possibilidade de afeto romântico, mas que gostam de falar comigo. Mô, supera!
E minha pergunta é: como, em 2020, uma mulher negra poderia reinventar a Flip neste cenário? Obviamente, sei que todas que podem ser convidadas a função fazem ótimas curadorias, mas o incômodo é: por que agora?