I had a convo with
#DJArana
,
@houseofpris
and
@kekedeogun
about the steady, global rise of baile funk, for the
@guardian
// Sobre a crescente global do funk, com ideias de DJ Arana, House of Pris e Taísa Machado, pro Guardian
esse show só seria possível no Brasil mesmo. são séculos de conhecimentos tácito e corpóreo de multidões, carnavais, círios, procissões, muvucas, tudo na maior desordem. não tem jeito pô, é a única realidade que cabe
sábado a praia de copacabana vai presenciar um dos maiores momentos do histórico embate HUMANO x NATUREZA protagonizado pelo poder de ventilação duma horda de leques e o opressivo calor de 40 graus
recentemente fui apresentado ao conceito de boy risoteiro* e estou embasbacado com a perfeição da ideia
*boy que te chama pra dar um rolê na casa dele e fala que vai cozinhar e cozinha um risotto e pá
Good morning there is some 16 year old kid in Brazil right now making more experimental and forward thinking electronic music than whatever you’re working on right now and there’s nothing to be done have a great day.
Uma das coisas que tem me chamado atenção no funk é a ascensão de Triz. Sua voz é destaque em "Tropa do Bruxo", um dos hits do momento, e seus vídeos tem aparecido em várias páginas de funk. Acontece que Triz tem uma caminhada no rap, quando deu entrevistas se declarando trans nb
A matéria do JN sobre o Congo foi feita pela correspondente de NY. Não faz sentido uma rede de TV desse porte, brasileira, não ter ao menos um jornalista na África. Luanda, Dakar, Cairo, Cidade do Cabo, qualquer uma dessas cidades estão em regiões com fatos importantes.
rapper norte-americano sampleando música BR não tem novidade nenhuma, mas dizer que rapper BR não opera na mesma chave, por opção artística, ou que o público não saca, por falta de referência, é dizer que os rappers e o público são burros. as capas não mentem.
Em "Tudo que Você Podia Ser", Milton canta no primeiro verso "Tudo que você QUERIA ser". Depois é DEVIA e PODIA ser. O final é arrebatador: no presente, tudo que você CONSEGUE ser -- ou nada.
Chico Science falando do dia em que trombou o Nick Cave no mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, enquanto tora AQUELA do Peaky Blinders no walkman kkkkk
simplesmente KL Jay no Energia na Véia, um dos programas de rádio de música eletrônica mais antigos do Brasil, virando de "Mil Faces de Um Homem Leal" (Marighela) (do Cores e Valores) prum DnB suave
"Batuk Freak", da Karol Conka, faz dez anos em 2023. Um dos singles do álbum, "Boa Noite" é produção do Nave e reflete a tendência do hip hop na época: os snare rolls e o kick gordão, que fazem desse som um dos primeiros traps feitos no Brasil.
Sem perder o ritmo, Baden Powell dá uma tragada a cada um dos compassos de "Tempo de Benção", que toca ao lado de Marcia Silva. Esse é um registro de 1969 de "Saravah", filme francês que até pouco tempo atrás estava perdido e volta às telas no ano que vem. (+)
the world finally getting to know early 2000s Brazilian drum'n'bass with Kaleidoscopio, pretty sure they will get crazy with Boça na Bossa ft. Clara Nega
Jorge Ben, Gustavo Schroeter (bateria), Dadí (baixo) e João Bum (piano) e Joãozinho da Percussão na RTVE. 1a turnê na Europa, 1975, ano entre Tábua de Esmeralda e África Brasil. O som é esse momento: um violão-guitarra, acústico com distorção elétrica (wahwah?) no pré-amp ou amp
isso não é sample né, é interpolação. mas enfim só mais um grão no caminhão de areia que comprova que o pagode é o r&b brasileiro ou o contrário né já que o pagode dialoga com o samba muito mais do que o r&b contemporâneo dialoga com o jazz — algo que os soulquarians fizeram
o lance do timbaland é esse kick gordão aí e a coragem de trazer sons e não só instrumentos pra mesa. ninguém fazia isso como ele, foi muito seminal. a trilogia dele com a nossa luso-canadense é braba mas ele com a aliyaah é genial: um barulho de bebê, o beatbox, o kick e o snare
Não vejo muitas publicações de hip hop no BR realmente ligadas na dimensão do que tá rolando nos EUA com o Young Thug, que corre o risco de ir para a cadeia por uma série de crimes que seriam comprovados por suas letras. É quase literalmente o rap no banco dos réus. (+)
O hip hop é uma lente privilegiada para entender a França de hoje, da chegada iminente dos jogos olímpicos ao recente fiasco da esquerda nas eleições europeias. (+)
Gal was never rediscovered by younger audiences, because she didn’t need to be: from the moment she stepped into the Brazilian pantheon, sequined and feather boa’d, she was in for life.
A tribute I wrote for The
@guardian
claro pô tem que ter fact checking ao vivo sim na hora do debate tem que ter lá 30 jornalistas transcrevendo cruzando informação batendo com base de dados ligando pra fonte usando LAI fazendo data mining escrevendo a parada jogando na tela sim em menos de 1min po suave fazer isso
galera dando quote falando que só o Rio poderia abrigar isso esquece que o último Círio de Nazaré teve mais de 2 milhões de pessoas e o Galo da Madrugada arrastou sozinho mais de 2,5 milhões de pessoas nesse último carnaval. o Rio é o Brasil e vice versa. inteligência coletiva.
se puxar, há um mesmo fio ligando o caos na tour da Taylor Swift, a recente não-ida do Blur pro Brasil e o Primavera SP com um lineup aquém do ano passado: o crescente monopólio da Live Nation, solapando os players médios e uberizando o mercado da música ao vivo na AmLat (+)
Incrível isso pq o primeiro registro musical que se tem da palavra reggae é de 68 em "Do The Reggay", do Toots and the Maytals. "Transa" é de 72. Ou seja, em menos de 4 anos houve essa triangulação incrível de Kingston-Londres-Salvador — e os cana é claro que não sabiam de nada.
Tava vendo um reels do Jards, ele e Caetano tocam juntos num fest no RJ e vai rolar "Nine Out of Ten".
Ai Cae conta qdo voltou pro Brasil o censor chamou ele pra saber O Q SIGNIFICAVA REGGAE! O cara foi professor de filosofia do Cae qdo era padre!
Nem deus explica o Brasil...👇
Fala-se muito pouco sobre como foi incrível o plano sequência que o MC Rick e a Doug Filmes fez pro clipe dele de "Cê vai sentar é na cabeça" (2019). Tem criança, V de Vingança, vários passinho do malado e até o papagaio parece que tá coreografado. Tour de force.
é simbólico de muitas maneiras ouvir Vida Loka Pt. 2 abrindo o palco do Festival do Futuro após o discurso do Lula (que aparece em close na hora do verso "pode rir, ri, mas não desacredita não")
Legal isso, tbm porque aborda a parada com seriedade. Tem gente que adora rir da cultura popular só para se desvincular do seu lado "brega", chão de fábrica. É um marcador social elitista, a mesma razão pela qual tratam Zeca Pagodinho mais como um piadista do que como compositor.
chegou a hora de fazer uma thread pra mostrar não ironicamente como o Belo é a voz do pagode, o melhor cantor romântico do BR. é o MAIOR no palco. talvez tente separar o homem da obra, apesar de Marcelo Pires Vieira tornar isso meio impossível, hehe. mas vamo lá.
Do outro lado, talvez o que seja mais forte agora, os fãs de funk: acostumado a certos referenciais de homem/mulher, eles tem se questionado sobre Triz — que também joga com esses referenciais e tem dividido os comentários entre ofensa e elogios.
What’s the most important discrete, single historical action by one person that still has major implications today? Something like Constantine legalizing Christianity.
lembrando que segundo a lei o contribuinte paga o imposto de renda no lugar onde residir mais de 50% do ano ou seja falta pouco para cezar black ter de pagar o fisco à TELEVISAO BRASILEIRA
levantamento interessante sobre o
2023 de cezar black:
ele esteve no bbb de 16 de janeiro a 13 de abril = 87 dias
e está na fazenda de 19 de setembro a (no mínimo) 7 de dezembro = 79 dias
ele passou 166 dias dos 365 do ano em um reality show
45,4% do ano sendo filmado
a cena techno de Berlim agora é patrimônio cultural imaterial da UNESCO.
o techno tem raízes indiscutíveis em Detroit, mas UNESCO é política e o governo alemão há muito financia iniciativas pró-techno em Berlim. deu resultado.
quem sabe um dia SP resolve tomar o exemplo...
Em 19/7/2005, Jay Deela veio ao Brasil pela primeira vez. Estava magro, as roupas eram largas demais. Saiu do hotel uma vez para comprar compactos. Parou na Discomania, na Augusta, e foi capturado pelas lentes do fotógrafo B+. Foi seu último garimpo. Conto essa história na
@folha
Ainda sobre "Nine Out of Ten", pra mim o reggae mais rock da música brasileira, chama atenção o tempo ternário. A música sempre aponta pra frente, tem crescendos, é desequilibrada, uma valsa torta. É como se Caetano estivesse andando apressado em Londres ouvindo reggae na barriga
A nova música da Anitta, "Funk Rave", me parece exemplar para entender o desafio que artistas LatAm e africanos tem hoje para conectar rua e pop, homestudio e major. (+)
minha mãe, que nasceu no interior da Paraíba — irmã de 11 — tardou a concluir os estudos e morou em várias casas e cidades até enfim se instalar em São Paulo e só foi cursar moda aos 35 anos e anos depois abriu sua própria marca (
@podearroznoivas
), vestiu a Xenia França pra VOGUE
A virada de Triz pro funk foi logo depois de estourar com uma versão de "Deslizando no colo do pai", que resultou em parceria com o Menor da VG, autor da música.
mamão na batera, wilson das neves na cuíca e um jovem madlib brisando no som dos caras — até tímido na hora de cumprimentar o mamão. projeto brasilintime, que reuniu djs e grandes bateristas da música no começo dos 2000
eu acho que as pessoas falam muito pouco sobre como o Levi Strauss viajou pro Brasil e em três anos não só criou o estruturalismo na antropologia como também lançou sua própria marca de jeans
You might have listened to Brazilian funk in the past few years, but maybe you never saw a Brazilian funk artist performing. Why? I had a convo with some artists and music execs to understand the divide between Brazilian funk and the global music industry
Muito se fala sobre uma dada complexidade técnica quando se pensa no DJ enquanto alguém que não "faz" música, pois "é só apertar botão". Essa apresentação do Jeff Mills passa longe disso justamente porque se apoia no que se vê: o gesto nos toca-discos (+)
nem precisaria do show todo: essa entrada já é muita coisa. é atual e clássico no vídeo e no palco, que também tem som e provocação em cada trecho: favela venceu não sei, temaki, k-pop. um prefácio à altura de uma obra ainda em curso
Dali em diante, Triz foi se tornando voz cobiçada no funk, até receber o convite do WS pra gravar. O curioso é que nesse período Triz também passou a apresentar outros códigos de identidade de gênero: sem dreads, sem roupas largas; de cabelos longos, de roupas justas, Hello Kitty
muita gente falando do Milton, que de fato imortalizou a faixa na sua interpretação, mas vale lembrar que a canção é assinada pelos irmãos Borges. a melodia é do Lô, que viaja num mesmo formato de acorde no som. é como se a anáfora/gradação da letra também estivesse no arranjo
Em setembro, o
@McPozedorodo
fez um show no game GTA RP com o
@nobru
. Conversei com eles e com mais gente para entender como os games tem remodelado a música hoje em dia — da Oklou fazendo show com videogame a áudio procedural. Na capa da
@folha
de hoje.
Quem fala que o Dennis DJ sampleou Silent Hill em "Tá OK" não sacou a influência do DJ Arana hoje. Dentro do seu universo horrorcore mandelão, Arana resgatou em 2020 a trilha do game em "MTG do Silent Hills", cujos acordes e timbre são similares aos de "Tá OK". Putaria da Konami.
Ryuichi Sakamoto, Caetano Veloso, o casal Morelenbaum e banda no Rio de Janeiro em 95, numa versão de "Fora de Ordem" — que originalmente não tem piano. Anos depois o japonês voltou ao Brasil para gravar músicas do Tom Jobim na própria casa do compositor, o que virou o disco Casa
sem querer lançar o papo de "ah mas antigamente" mas antigamente as trilhas sonoras do audiovisual infantil brasileiro eram incríveis olha esse contraponto doidão ali no final a tetê metendo uma caipora caracatau🤪🤪🤪
a grimes é uma artista que surge com um novo horizonte pro pop dos anos 2010: ela usa a tecnologia digital entre estética e discurso sem parecer kitsch, "roupa prata dos Jetsons". vê-la nessa situação é irônico, é como se ela tivesse sido engolida pelo bonde do futuro, que perdeu
Acho a chegada de Triz interessantíssima no funk. Não só sua voz tem algo de hipnótico, sua presença deixa muita gente atordoada. De um lado, tem os hiphopeiros e os progressistas que amam o tal do "rap de mensagem", mas não conseguem ver valor em outras músicas de rua ou no pop.
racionais é racionais. mas existe também todo um debate que dá pra fazer sobre o uso de uma orquestra, de tradição europeia, em um show de rap, especialmente sobre um sentido de "erudição" que viria a reboque dos instrumentos acústicos. o rap dos racionais prescinde disso.
arriscando um tom professoral: jornalistas, não se ponham no centro da tragédia. pouco importa o café que você tomou com a artista se isso não é relevante ao momento
Identidade de gênero vai mto além disso e não deve estar sob escrutínio de ninguém. Como artista, porém, Triz causa interesse e tem sua imagem atrelada às redes, ainda mais chegando a um público maior. No insta, sua única foto da época de rap está fechada:
Jeff Mills caçando aquele CD-R gravado, como um reles e mortal DJ dos anos 2000, e levando a pista à loucura com The Bells (também conhecido como o momento em que ele inventou o techno). detalhe pro mixer DJM-1000 6 e pra luz branca na sala, fim de festa
A escala do Jornal Hoje:
"Greve do metrô leva caos a São Paulo"
Dez segundos depois
"Franceses voltam às ruas para contestar por seus direitos"
Chega a ser descarado
rapaziada acho que tô de brincadeira. é sério pô. essa noção de corpo a corpo que se traduz entre porrada e dança é algo único em SSA e com certeza dialoga com outras formas de uso do corpo, como o esporte
A música não tem letra. A batida é genérica. A dança é nada original. Dura 1:30. Em suma, é uma peça qualquer para o Tik Tok. Ainda assim 80 mil pessoas concordam que isso é “uma obra de arte”.
Em que momento nos tornamos tão imbecilizados?
a gente tem que sacar os paredões e os carros de som como protagonistas da paisagem sonora contemporânea do brasil (e de outros países da américa latina). essa discussão se estende até as JBL na praia. som é território e poder e, nesse contexto, sua amplificação é também memória.
no geral, é um festival extremamente brega publiça. se para fazer eventos de música hoje é preciso se aliar com marcas, elas precisam entender que não basta chegar num festival e distribuir brinde. das que estão ali, dá pra contar nos dedos as boas iniciativas com música
Naquela mesma época, o
@djmarky
e o Patife iam pro UK tocar no Glastonbury (primeiros brasileiros no festivall, se não me engano), em uma pá de rolê em Londres e Bristol e até no carnaval de Notting Hill. De novo, na rua.
apesar do tom anedotário — um problema de longa data na imprensa de música —, um título que relaciona uma das maiores revolucionárias da música BR ao uso de drogas ter causado tanto choque assim só mostra, na real, que vocês é que são pudicos. ELA nunca teve problema com isso.