Primeira edição da HAU contando com minha colaboração enquanto membro do corpo editorial. Espero que gostem!.

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e todas essas propriedades seriam comparáveis entre si e permitiriam atravessar a totalidade das conceitualizações existentes em determinado momento em determinada sociedade.

Todas as instâncias de organização social (parentesco, economia, religião etc) poderiam gerar propriedades alheias às consciências, propriedades que agiriam inconscientemente sobre os participantes como restrições lógicas das suas ações —.

Ou melhor, indo um passo além, todas as experiências sociais poderiam gerar formas de pensamento que agiriam nos agentes e moldariam os seus comportamentos a despeito do que se passava nas suas consciências.

Todas as formas do espaço social — todas as diferenças internas ao espaço social — concederiam acesso à cadeia de relações lógicas que formariam esse espaço social.

Assim, combinando a linguística estrutural e marxismo, tornava-se claro para Sebag que seria possível desvelar o espaço social ocupando qualquer um dos seus pontos, quer fosse o relato dos sonhos, quer fosse a narração mítica, quer fosse o parentesco, quer fosse a economia.

Feito tal deslocamento, não mais importaria o nível lógico ocupado dentro do espaço social — qualquer nível poderia conceder um aceso à totalidade social.

agora a sociedade só poderia ser pensada de forma imanente, sob o signo da renúncia de um centro único em que a lógica da sociedade pudesse ser compreendida e condensada.

Sob essa moldura de referência, Marx não teria somente dado primazia à análise das “condições materiais”, mas teria lançado as bases de uma nova ciência social --.

No entanto, nota-se, o ponto central da empreitada marxiana para Sebag não era o trabalho enquanto tal, mas o caráter imanente da análise que, a partir de determinada atividade social, desvelava a totalidade das atividades sociais, sem recurso a uma normatividade externa.

O capitalismo, ao operar a passagem de uma diversidade qualitativa de trabalhos para uma unidade quantitativa de trabalho abstrato, transformava a atividade produtiva em centro nervoso, a partir do qual a totalidades das aparências sociais ganhavam contornos inteligíveis.

Sebag defendia, ao contrário do senso comum, que Marx não teria desvelado a base material por trás das práticas sociais, mas teria feito coincidir, com rara felicidade, a análise da totalidade social com um um centro, situado no interior mesmo das práticas sociais — o trabalho.

Em 1964, Sebag propunha um modelo teórico singular para aliar marxismo e estruturalismo, em que todas as formas de organização social poderiam ser reduzidas a um esquema da atividade inconsciente do pensamento.

Se a música não guarda a sua origem secreta, ela torna-se apologia do já existente.

Isto é, a música só pode fazer corpo com a dor deste mundo sob a condição de lembrar-nos de que a imagem resultante não pertence a este mundo, mas a um mundo redimido.

Daí que o segredo da música seja que ela só pode tocar esse mundo como emissária de um outro mundo.

O pesadelo, então, seria que a alma fosse feita de música -- composta de notas insistentemente harmônicas, a alma já não seria mais capaz de qualquer revolta. Mesmo diante do algoz, a alma não conseguiria parar de cantar.

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Se o antropólogo estruturalista determinava que os fenômenos sociais poderiam ser reduzidos a propriedades formais do pensamento, então como o antropólogo estruturalista pensava o pensamento enquanto tal?.