Estudo internacional destaca o que ainda resta das araucárias no Sul do Brasil

Os povos indígenas ciudam da Mata de Araucárias e dos Campos há milênios. Se quisermos restaurar e salvaguardar os remanescentes desses ecossistemas para o futuro – e devemos fazê-lo! – teremos que aprender com eles e seguir seu exemplo. Lê o estudo aqui 👉

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Pouca (~5%) da Floresta de Araucária e dos Campos está legalmente protegida, mas essas áreas abrigam alguns remanescentes muito importantes. Isso pode ser visto claramente em algumas Terras Indígenas no oeste da região – dá até para ver os limites delas nos mapas de vegetação!

Embora as maiores perdas de habitat no sul do Brasil aconteciam no meio do século XX, grandes perdas continuam. Dos totais registrados em 1985, 24% da floresta natural e 38% dos campos tinham sido perdidos até 2018 – principalmente devido à lavoura e às plantações de árvores.

Não já existiam muitas estimativas sobre a vegetação natural remanescente na região dos Campos. Calculamos que seja ~27-41%, embora grande parte (quase metade) disso seja floresta, não campo. Muito do que resta provavelmente seja degradado, mas é difícil detetar à distancia.

Os Campos de Cima da Serra nesta região são especiais também. Eles são restos da era glacial, e quase 25% das suas espécies de plantas são únicas. Mas o Brasil se concentra bastante nas florestas, pois muitas vezes os campos ficam negligenciados.

Esses danos são evidentes nos fantasmas das araucárias desaparecidas. Estas árvores são ecologicamente centrais e ícones culturais, mas foram abatidas até à beira da extinção durante o século XX. Atualmente, são raras na paisagem que dominavam há apenas 150 anos.

Acontece que juntar muitas fontes de dados é realmente útil! Elas mostram que ~19-36% da região da Mata de Araucárias ainda tem algum tipo de floresta natural, mas menos de 5% é de alta qualidade. Praticamente tudo foi muito danificado.

Qual a quantidade de vegetação natural remanescente aqui? Na verdade, é difícil dizer! Este artigo começou quando tentei fazer sentido de várias estimativas (4%? 40%?) que já existiam para minha tese doutoral. Quando isso ficou fora de controlo, decidi gerar as minhas próprias!.

Os ecossistemas do planalto sulbrasileiro - a Mata de Araucárias e os Campos de Cima da Serra - são especiais. São membros antigos e distintos da Mata Atlântica, uma das regiões de biodiversidade mais importantes do mundo. Também sofreram muitos danos desde a colonização européia

Tô muito feliz partilhar que acabei de publicar um novo artigo! 'Uma avaliação da conservação do icônico e ameaçado mosaico de Mata de Araucária-Campos do Brasil' saiu na revista científica Biological Conservation (aqui em inglês, com acesso livre) 👇🔓📖.

Indigenous people have looked after Brazil’s Araucaria Forests & Campos grasslands for millennia. If we want to restore & safeguard the surviving remnants of these ecosystems for the future (we should!), we need to learn from them – and follow their lead.

Not much (~5%) Araucaria Forest and Campos is legally protected, but these areas do shelter some very important remnants. This is especially clear for some Indigenous Territories in the west – you can even see them outlined in forest maps!

Although the heaviest habitat losses in southern Brazil's highlands happened in the mid-20th Century, they are continuing apace. Of what was there in 1985, 24% of the natural forest and 38% of the grasslands were lost by 2018 – mostly to booms in cropland and tree plantations.

Reflecting the pro-forest bias, there aren’t many previous estimates for the Campos region’s remaining natural vegetation. We reckon it’s about 27-41%, though lots of this is forest, not grassland. Much of what remains will be degraded but that’s hard to detect remotely.

The region’s highland Campos grasslands are special too – they're survivors from the ice ages with almost as many plant species as the entire UK, around 300 of which are unique. But a forest focus in Brazil often leaves its grasslands neglected.

This damage is clear in the ghosts of missing Araucaria trees. These trees are ecologically central and cultural icons, but they were logged to the brink of extinction in the 20th Century. They’re now rare in the landscape they dominated just 150 years ago.

It turns out that bringing together lots of datasets is really helpful! They show that ~19-36% of the Araucaria Forest region still has some kind of natural forest, but less than 5% is high quality. It’s basically all been heavily damaged.

How much natural vegetation is left here? It’s surprisingly difficult to find out! This paper started out as a footnote in my PhD thesis – I was trying to pin down the huge variety (4%? 40%?) of existing estimates. When that started to get out of hand, I decided to make my own!.

Southern Brazil’s highland ecosystems – Araucaria Forests and Campos grasslands – are special. They’re ancient and distinctive parts of the Mata Atlântica biodiversity hotspot. They’ve also been badly diminished since European colonisation.