Ela é chamada pelos seus críticos de Máfia Digital. E seus tentáculos são bem maiores do que as pessoas imaginam.
Você leu nos últimos dias sobre a Mynd. Chegou a hora de conhecer o porão da empresa:
Esse sujeito aqui se chama Murilo Henare.
Murilo é o fundador e CEO da Banca Digital.
A Banca Digital agencia alguns dos maiores perfis de fofoca das redes sociais brasileiras, e está ligado à Mynd, maior agência de marketing de influência do país.
Essa reportagem de 2021, da piauí, conta como Murilo e Fatima Pissarra, CEO da Mynd, se conheceram.
A Banca Digital nasceu em 2020. E cresceu. Hoje, 7 em cada 10 usuários online ativos no Brasil seguem ao menos um perfil agenciado por ela.
A grana é alta.
Em seus primeiros 10 meses, a Banca Digital faturou R$ 15 milhões.
No ano seguinte, embolsou outros R$ 38 milhões.
Boa parte desse dinheiro vem de anunciantes de peso como Amazon, Ambev, Heinz e Mercado Livre.
Foi um perfil da Banca Digital – Garoto do Blog – quem espalhou as mentiras que colaboraram para o suicídio da jovem Jéssica.
Os perfis agenciados pela Banca são, há muito tempo, associados a campanhas de desinformação.
As marcas não parecem se importar.
A Banca Digital diz que não interfere nos perfis:
“Cada perfil é independente e possui um dono e uma equipe, não existindo qualquer integração e interferência entre eles”.
Mas em seu livro “Profissão Influencer”, Fatima Pissara escreveu sobre a coordenação que há entre eles.
Em 2021, uma ação publicitária capaz de reunir todos os perfis da Banca Digital – envolvendo um post e três vídeos nos stories –, como feito por Lorena Improta, não saía por menos de R$ 300 mil.
Murilo e Fatima ficam com 40% do valor. Os donos dos perfis embolsam o restante.
Como revelou a influencer Polly Oliveira:
“Você paga, e o conteúdo é distribuído em várias páginas, como se fosse algo orgânico. Eles conseguem definir quem vai virar assunto na internet.”
É o que os críticos chamam de “milícia digital”.
Com as acusações de desinformação, a Banca Digital anunciou, em novembro de 2022, uma head de jornalismo com bom trânsito em Brasília: a jornalista Vanessa Campos.
Vanessa foi assessora de comunicação e editora chefe do site oficial da campanha…
Os perfis de fofoca da Banca Digital são usados para impulsionar artistas agenciados pela Mynd.
Por exemplo: segundo a Aos Fatos, Luísa Sonza, da Mynd, é a quinta artista mais citada pelos perfis de fofoca da Banca.
Tudo o que Luísa faz repercute nos perfis.
Ou quase tudo.
Em outubro de 2022, Luísa Sonza veio a público pedir desculpas para Isabel Macedo de Jesus, autora de um processo contra a cantora por racismo.
Os perfis de fofoca da Banca Digital foram acusados de tentar proteger sua imagem.
Cinco meses após o pedido de desculpas, Luísa virou sócia do restaurante Altar Cozinha Ancestral, em São Paulo, especializado em culinária africana.
A inauguração contou com a presença de diferentes agenciados da Mynd, e foi amplificada pela Banca Digital.…
Murilo Henare, da Banca Digital, é sócio de Fatima Pissarra no BuzzFeed Brasil, além de Chief Marketing Officer (CMO) da Billboard Brasil.
A Billboard voltou a ser editada no Brasil há pouco tempo, assim que foi comprada pela Mynd.
Adivinha quem foi a capa da primeira edição?
Fatima Pissara também é sócia do WME Awards, prêmio de música que recebeu, em 2023, o selo Billboard e foi transmitido pelo UOL.
Adivinha quem venceu a categoria “Melhor Música”?
A Banca Digital faz parte de uma indústria bilionária que atende a um punhado de publicitários descolados de grandes centros urbanos, marcas que fingem se importar com as maiores questões da humanidade e influenciadores artificiais.
Essa é uma indústria solidificada na…
Boa parte de quem faz o PIB brasileiro anuncia com a Mynd:
Coca-Cola, Claro, Sony, Ambev, Ifood, L'Oreal, Casas Bahia, P&G, Avon, Natura, Mercado Livre, Unilever, Rexona, Nissin, Lacoste, O Boticário, Itaú, Hering, Bradesco, XP, Latam, Vivara, Pic Pay, Amstel, Pernambucanas,…
Fake celebs criadas do nada.
Desde que comecei a me conectar com alguns círculos no LinkedIn, percebi como essas figuras são criadas.
Agências trabalham em modelo de cartel, têm peças-chaves em diversos meios, onde eles compram presença, aparição, artigo e até capa de revista.