Sofia Coppola é uma cineasta do plano-detalhe. Intimista e poderosa em suas sutilezas, o mérito da diretora sempre foi transformar histórias, ora ordinárias (Encontros e Desencontros), ora imensas (Maria Antonieta), em verdadeiras confissões. Priscilla é isso.
Eis a confissão mais corajosa e dilacerante que se pode ter, vinda de uma mulher que viveu à sombra de uma figura narcisista, controladora e violenta. Mas amada pelo mundo. Dez anos mais nova que Elvis, Priscilla conta uma hst cruel de abusos psicológicos disfarçados de cuidado.
De um relacionamento abusivo tão cheio de vida quanto um fantasma pode ter, com tanta cor quanto um quarto escuro à meia-luz pode alcançar. Graceland é uma prisão bucólica a céu aberto, onde metade da duração do filme é sinômino de cárcere privado e na outra, de desilusão.
Sofia Coppola é mestre em revirar o estômago de qualquer pessoa quando faz questão de evidenciar, desde o início, a perda prematura da inocência da protagonista que de forma gradual se perde em sua própria vida. Só para ter a coragem inimaginável de tentar retoma-la ao final.