Quem no Brasil vendeu cerca de 7 milhões de livros? Carolina Maria de Jesus (1914 - 1977). A autora de “Quarto de despejo” e “Diário de Bitita” foi traduzida em 46 países, 16 idiomas e ainda hoje é enorme best seller. Ela é maior que a imagem da “catadora de papel”. Acompanhe 👇🏾
A família de Carolina veio das populações de quilombos dizimados por Bandeirantes no Triângulo Mineiro. Filha de pessoas analfabetas, morou em casa de pau a pique e estudou apenas dois anos, mas uma coisa fez florescer sua genialidade: o amor pela leitura. 📚❤️
Carolina gostava tanto de livro, que um dia estava lendo na porta de casa e a acusaram de estar lendo o livro de São Cipriano, o “Livro dos Malefícios”, pra fazer “magia negra”. Ela e a mãe foram presas e muito maltratadas na cadeia. Apanharam tanto que a mãe quebrou o braço. 👇🏾
Sempre perseguida e humilhada em Sacramento, Carolina foi para SP e na cidade topou com a nua realidade da miséria e da exclusão, mas lá começa a escrever compulsivamente. Em sacramento ela lia um dicionário, não um livro de “magia”. 📝📝📝
Carolina viveu 12 anos na favela do Canindé e teve três filhos que sustentava catando papel. Ela via toda a violência, miséria e vícios reinantes na comunidade e escrevia seu diário como forma de reflexão sobre aquela realidade. 👇🏾
Para Carolina Maria a escrita era o seu sonho, terapia e paixão. Era luta também. Quando li a biografia dela escrita pelo Tom Farias (candidato ao Jabuti deste ano) me peguei chorando de dor e ternura por esta mulher. Que vida! 🖤👇🏾
A fome para Carolina era “amarela”. Ela não dizia “tomei banho”, mas “abluir”. Ela imaginava palácios e fazia imagens metafóricas lindas. Como podem dizer que não fazia literatura?! Sim, racistas podem dizer qualquer coisa, mas Carolina era um gênio. Apenas isso. 💡👇🏾
Erros gramaticais e ortográficos não tiram a força de sua escrita. O jornalista Audálio Dantas teve a sorte de ser encontrado por ela e não o contrário. Ele topou com uma Carolina que sabia que ele poderia fazer o que fez: Lança-la para o mundo. 👇🏾
Quando “Quarto de despejo” foi lançado em agosto de 1960, Carolina era uma das escritoras mais populares do Brasil. No 1º dia vendeu cerca de 700 livros autografados. Em 5 dias, foram 10 mil. Todos os dias ela estava na mídia. 📺 📻 📰 👇🏾
Grandes escritores boicotaram seu lançamento, mas Carolina passou a conviver com a sociedade, que passou a tê-la como produto. Ela dizia: “as pessoas que ontem me viam como suja, que tinham nojo de mim, hoje querem tirar foto comigo e estar do meu lado”. 👇🏾
Carolina Maria de Jesus defendia a reforma agrária, a distribuição de renda, criticava abertamente os políticos e falava da hipocrisia da mesma sociedade que a incensava e tratava como produto de marketing. Resultado: perdeu a graça para os “ricos”.
Carolina faleceu aos 62 anos após uma crise de asma. Ficou anos esquecida, mas recentemente renasceu pelo esforço de todas e todos nós que vemos nela uma inspiração, uma artista magistral. Que as novas gerações jamais a esqueçam outra vez! Carolina Maria de Jesus, presente! ✊🏾❤️
@cruz_elianalves
Eliana! obrigada e saravá. é devastador ler TODAS as vezes Carolina acompanhada de "semi-analfabeta" e "favelada". vi um exposicao em SP há cerca de dois anos. Dividiam entre "luxo"e "lixo", mostrando como um alimentava o outro. adivinhe em que "parte" Carolina estava.
@fabi2moraes
Ninguém chama escritores ricos de “fulano, o escritor da mansão”, mas Carolina é a “escritora da favela”. Isso tem nome né? Mas estamos aí pra mudar isso. 😉😘