Já dei aula de português para imigrantes quando em São Paulo. Tinham muitos refugiados árabes de alunos. E das vezes que chorei em sala de aula foi quando um casal de sírios relatou que não tinha fotos de Damasco antes da tragédia no Google +

pois a cidade faz décadas que está destruída e que da família inteira (incluindo filhos) e amigos só restaram os dois.

E semana passada aconteceu mais um terremoto no Haiti. A maior parte dos meus alunos eram do Haiti. E quem fica o tempo inteiro acusando EUA por todos os males do mundo, o Brasil também tem histórico de porcalhada no Haiti...

E ficava passada como o quão os haitianos amavam o Brasil, torcem pelo nosso futebol e tudo. E vivem marginalizados aqui...Os árabes já são mais "realistas" e "práticos"...

Mas a coisa mais linda da minha experiência é que esses povos que chegam valorizam muito a educação. Mesmo os árabes - tidos como conservadores - respeitavam muitooo a prô não-binária aqui. Sinto falta de ser a representante oficial do português brasileiro.

E o mais chato de ter que testemunhar essas catástrofes é que elas se tornaram cotidianas com o retorno do conservadorismo no mundo. O capitalismo fará de tudo pra destruir seja o que for pra se manter. E o Brasil está dentríssimo desta trama horrenda!

O Paul B Preciado chama de necrotecnopolítica a dos tempos contemps. Nos horrorizemos e nos revoltemos com os holocaustos cotidianos. Sejamos fortes pra enfrentar o que virá!!!!